Há coisas mais difíceis de explicar do que imagino.

Como a dor. Algo que eu sinto, que eu entendo, que eu sei o que se passa por dentro, mas se torna difícil quando tento torna-la em palavras. São tantas coisas misturadas que não consigo identificar alguma, e quando estou perto de descobrir, ela simplesmente some. Eu sei que sinto angustia, aflição, agonia, e até mesmo ansiedade, e tudo isso se resume em uma pequena palavra que faz toda diferença quando é sentida. Dependendo do porque ela apareceu, ela abre uma grande ferida em mim, sem pensar que aquilo está doendo, e o que eu mais peço é que haja alguma anestesia para bloquear a dor por um tempo. Pelo tempo necessário de só existir a cicatriz. Sinto vontade de gritar para diminuir a dor em mim, ou tentar fazer com que ela saia pela minha voz. Mas minha voz não sai, não sei o que acontece com ela, quero acabar com aquilo de uma forma mais rápida e simples, e isso se torna impossível. Decido chorar, deixar as lágrimas serem minhas anestesias, mas por muito pouco tempo, pois a dor continua a voltar. Desisto de qualquer tentativa de fazer a dor sumir, fico imóvel como quem perdeu os sentidos e a deixo me vasculhando, passando por cada parte de mim, as lágrimas são as únicas coisas que consigo fazer e liberar de dentro de mim. E aos poucos, aos muito pouco a dor vai sumindo como um vapor, mas continua dentro de mim, eu ainda a sinto, mas não com tanta força, e ela deixa apenas a cicatriz. Que quando eu a vejo, lembro-me do porque dela estar ali, e quem sabe, a dor comece de novo.

Mica Carvalho

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