Eu sei que existem muitas coisas que você não vai entender. E, é claro, nem sempre eu sei me explicar direito. Fico meio incomodada de vez em quando. Uma noite, em uma roda de amigos, descobri que nosso conto não era de fadas. E meu peito começou a arder de uma forma estranha, quase surreal. Então o que vivemos não é nada? Claro que sim, claro que é. O que vivemos é muito. É intenso, é bonito, é de verdade. Me belisca. Te belisco. Com você eu me sinto realizada, essa é a verdade. Mas falta uma coisa, falta um pedaço.
Sinto falta de mim nos seus braços. Vem cá, sente a minha respiração. Ouve as batidas rápidas que meu coração dá. Estou aflita, com um certo medo de jogar tudo pelo ralo e depois nunca mais ter notícias suas. Eu fico aqui brincando de me enganar, você fica aí nesse faz de conta de perfeição. E com isso vamos, pouco a pouco, nos ferindo. Nos cortando brutalmente. Não quero viver de retalhos e com cicatrizes feias. O que eu queria era que a gente se quisesse bem. E que não ficasse nenhuma mágoa. Mas eu sei que isso é impossível, sei que você não concorda, sei que agora quer voltar no tempo, eu também quero, mas o tempo não volta. Ei, me escuta, ele não volta, ele já foi, ele nos levou para um abismo e eu não consigo achar outra saída a não ser pular. Chega de insônia, chega de palavras presas na garganta, chega de produzir um câncer. Sei que não existe nada daquilo de perfeição. Não espera nada de mim, nem eu espero nada de mim. Uma vez me disseram como é difícil se relacionar. E eu sei que sim, sei que é.
Clarissa Corrêa
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