Ela era totalmente maluca.
Um pouco fora dos padrões femininos. E ela não se preocupava nenhum um pouco com isso. Achava as pessoas chatas, bobas, mal educadas, insensíveis e não via graça na maioria das coisas que elas faziam. Ela reconhecia a sua personalidade, tinha sempre uma explicação na ponta da língua para as suas atitudes e várias desculpas para as suas mentiras.
Aquela moça era feita inteiramente de sonhos, embora já tenha desistido de alguns. Trocava de lugar quando algo não lhe fazia bem. Era justa nas suas decisões, pois sabia que mais ninguém além dela mesma saberia o que te faria bem. Era determinada e um tanto indecisa. Partia, voltava, partia, voltava, até que um dia ela partiu e nunca mais voltou. Tinha explicações para tudo, até mesmo para a sua falta de explicação. Às vezes ela perdia o controle quando percebia que alguém tentava mudar a sua direção. Mas logo tomava o rumo de toda a situação. Não gostava de desperdiçar as horas deitada na cama. Ela era movida a uma energia sem explicação. Não aparentava ter a idade que tinha e gostava disso. Engoliu besteiras a vida toda, hoje ela vomita sinceridades na cara das pessoas. O que ela tem de errado ela não concerta, pois sabe que pode perder a graça sendo certa. Tomava decisões e se embriagava de desafios. Perdia-se a cada mudança e logo se encontrava nas próprias esperanças. Não gostava de esperar. Sentia sono ao acordar. Sabia separar cansaço com desânimo. Tinha os pés no chão mas percorria com velocidade as nuvens de algodão. Adorava dias de Sol, mas por dentro era constante as tempestades de emoção.
Ela tinha um olhar penetrante, um sorriso sincero e um tanto sem jeito. Era intensa nos seus sentimentos, fiel nos seus compromissos, dava conselhos mas não os seguia. Descobriu com o tempo que demonstrar suas dores era colocar a sua própria vida em risco. Mas não adianta, sua teimosia falava mais alto. Ela se define mas não se limita, pois ela é totalmente fora dos padrões de limite.
Maíra Cintra
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